30 de dezembro de 2012

A doce nobreza do silêncio.


Fico pensando sobre a insistente mania que a maioria de nós tem de achar que o silêncio é a atitude mais nobre a ser praticada quando existem situações de conflito. Quero dizer que eu simplesmente não entendo isso! Se existe um conflito e pessoas interessadas em resolvê-lo, nada mais correto do que o confronto de ideias, certo? Esses conflitos podem ser de ordem familiar, conjugal, teológica, eclesiástica, filosófica ou qualquer outra coisa que exija de nós uma tomada de posição. Não importa, se não permitirmos que a nossa percepção sobre as coisas sejam confrontadas por conceitos diferentes, nunca amadureceremos. Sábio foi quem disse que devemos temer um homem de um livro só! Ou seja, toda opinião que não passa pelo crivo dialético da antítese, não possui validade permanente. Daí me pergunto: ”Por que parece ser tão nobre ficar em silêncio, quando o que deveríamos fazer é falar?”


PS: só para constar: eu sei que que existem momentos que de fato devemos nos calar. Mas é óbvio que estou falando daqueles momentos em que deveríamos falar, mas nos silenciamos por medo, auto-preservação, falta de conhecimento ou até mesmo para passar um ar de superioridade. Esse silêncio, eu não entendo!

Não quero mais ser bispo!


É isso mesmo! Não quero mais ser bispo, apenas quero ser eu mesmo e é assim quem desejo me relacionar com as pessoas que convivo. Isso não significa que considero os títulos eclesiásticos algum tipo de abominação ao Senhor. Pelo contrário, sei que são bíblicos! Também não estou revoltado contra a igreja institucionalizada, que como diria alguns, foi criada pelos homens para oprimir seus semelhantes. Nem ao menos vou espancar, xingar ou repreender quem me chamar de bispo ou pastor. Não é nada disso! Apenas quero me relacionar livremente com as pessoas que Deus, pela sua infinita graça, confiou a mim para que eu as servisse. Não quero abismos, não quero medo, não quero imposição, não quero opressão, não quero obediência a ferro e fogo, não quero honra, apenas quero servir a Deus e cumprir o meu chamado, que é cuidar de vidas, relacionando-me com elas da forma mais saudável e bíblica possíveis. Continuarei sendo um líder comum, com virtudes e defeitos, dons e limitações, forças e fraquezas, mas sempre desejoso de formar pessoas que amam a Deus acima de qualquer coisa. Chamem-me como quiser: Welhington; Ton; Malvado Favorito; irmão; pastor; bispo ou qualquer outra forma que acharem pertinente e não ofensiva. Mas, por favor, não se relacionem comigo a partir do meu título eclesiástico, porque eu simplesmente já não suporto mais isso!

Que venha uma nova geração de líderes cristãos!



Falar sobre liderança no Brasil não é algo muito simples, quanto mais falar sobre liderança eclesiástica! Acho que isso se deve em parte pela profunda influência do militarismo na nossa cultura e estilo de vida e também pela predisposição a criação de ícones que carregamos dentro da nossa alma, como uma resposta inconsciente dos nossos sentimentos de inferioridade e auto-rejeição. É lógico que estou apenas especulando, porque não sou psicólogo e nem sociólogo para fazer essas avaliações mais a fundo. Sou apenas mais um cristão tentando entender a nossa crise de identidade religiosa.
Pois bem, em minha opinião existe uma grande necessidade do surgimento de um novo tipo de líder cristão no Brasil. Esses pastores e líderes deveriam viver a partir de alguns princípios listados abaixo (deixo claro que isso é minha opinião e que como líder, desejo viver assim):

1.      Todo líder deveria ser um servo: primeiramente, servo da Cruz. Alguém que vive pela proclamação do Evangelho. Além disso, um servo do próximo. Maior é o que serve e não o que é servido!

2.      Todo líder deveria se preocupar menos consigo mesmo: existe uma profunda necessidade por parte de muitos líderes de preservar a sua autoridade a base de pressão e intimidação espiritual. Precisamos entender que Deus é quem preserva a autoridade de uma pessoa!

3.      Todo líder deveria ser menos ganancioso: ajuntar muitas riquezas neste mundo a partir de um ministério que Deus confiou a uma pessoa, não me parece algo muito bíblico. Todo ministro deveria saber que os seus recursos excedentes seriam melhor se aplicados na própria obra.

4.      Todo líder deveria ser menos egocêntrico: a necessidade de ser o centro das atenções e ver satisfeita as suas próprias necessidades é algo inato do ser-humano. Precisamos lutar contra essa tendência pecaminosa e aprender a viver por algo maior do que nós mesmos!

5.      Todo líder deveria entender que não é uma estrela gospel: nada é mais ridículo na cristandade brasileira atual do que a mania de idolatrar pessoas de destaque. O que é pior nisso, é que muitos que são colocados num pedestal, gostam disso.

6.      Todo líder deveria entender que não é dono de ninguém: o pensamento equivocado sobre obediência e submissão ao líder, que é baseado numa compreensão errada sobre autoridade, gera uma liderança dominadora e liderados oprimidos. Nunca deve se colocar no mesmo patamar nossa relação de submissão e honra a Deus e a nossa relação com uma liderança religiosa.

7.      Todo líder deveria ser capaz de ouvir a todos: existe uma distância entre líderes e liderados hoje em dia, que a comunicação é quase inexistente! Um bom líder sabe ser empático!

8.      Todo líder deveria saber que pode ser disciplinado: quem corrige o líder é Deus e Ele usa quem quiser para fazer isso! Em minha opinião, um presbitério (ou qualquer outro nome que se dê ao grupo de liderança da igreja) possui essa função.

9.      Todo líder deveria estar aberto a mudanças: fazer avaliações constantes e promover mudanças quando necessário é um papel fundamental de uma liderança. Se aquilo que ele está fazendo não está dando certo, então ele deve promover mudanças!

10.   Todo líder deveria saber que deve amar mais a Deus do que qualquer outra coisa: por mais óbvia que pareça essa afirmação, se a aplicássemos em nossas vidas num nível mais intenso, haveria uma revolução espiritual no Brasil e no mundo!

Escrevo para mim e para todos os líderes que se interessam por ver um novo tempo sendo instalado na igreja brasileira! Que Deus levante uma nova geração de líderes, em nome de Jesus!