23 de novembro de 2013

O grande dilema de Jó.

Certo dia os anjos vieram apresentar-se ao Senhor, e Satanás também veio com eles.
O Senhor disse a Satanás: "De onde você veio? " Satanás respondeu ao Senhor: "De perambular pela terra e andar por ela".
Disse então o Senhor a Satanás: "Reparou em meu servo Jó? Não há ninguém na terra como ele, irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o mal".
"Será que Jó não tem razões para temer a Deus? ", respondeu Satanás.
"Acaso não puseste uma cerca em volta dele, da família dele e de tudo o que ele possui? Tu mesmo tens abençoado tudo o que ele faz, de modo que todos os seus rebanhos estão espalhados por toda a terra.
Mas estende a tua mão e fere tudo o que ele tem, e com certeza ele te amaldiçoará na tua face. "
O Senhor disse a Satanás: "Pois bem, tudo o que ele possui está nas suas mãos; apenas não encoste um dedo nele". Então Satanás saiu da presença do Senhor.

Jó 1:6-12

Logo nos primeiros versículos do livro de Jó nos deparamos com um dos maiores dilemas existenciais da raça humana: Será que alguém é capaz de amar a Deus incondicionalmente? E é exatamente com este questionamento que Satanás comparece diante de Deus, depois de perambular pela face da Terra. Ele não está questionando a fé de Jó e sim se Deus é digno de ser louvado por quem Ele é! Talvez se estivesse lidando com um deus inseguro e mesquinho a história de Jó talvez nem ao menos tivesse sido escrita, pois um deus que não é digno, soberano e que não se basta em si mesmo, provavelmente teria agido de forma diferente diante de um questionamento tão atrevido e incômodo quanto esse. Mas não estamos falando de um ser celestial qualquer e sim do Grande Eu Sou! Ele prontamente permite que o teste de fogo seja colocado em prática pelo seu inimigo. E por longos 42 capítulos do escrito bíblico, Jó é submetido as mais duras provas que um ser-humano poderia suportar, para que o grande dilema seja respondido, ou seja, será que é possível amar a Deus pelo que Ele é apenas ou somente conseguimos amá-lo por aquilo que Ele nos dá? Então, após passar por todas as provações possíveis, Jó, um legítimo representante da raça humana, com os seus próprios lábios, responde ao dilema:

Então respondeu Jó ao Senhor:
Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido.
Quem é este que sem conhecimento obscurece o conselho? por isso falei do que não entendia; coisas que para mim eram demasiado maravilhosas, e que eu não conhecia.
Ouve, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me responderas.
Com os ouvidos eu ouvira falar de ti; mas agora te vêem os meus olhos.
Pelo que me abomino, e me arrependo no pó e na cinza.

Jó 42:1-6


Mesmo tendo sofrido a dor da perda em vários níveis e em alguns momentos ter até mesmo questionado a Deus, Jó reconhece que tudo que passou não o afastou e sim o aproximou de Deus. Ele reconheceu a verdade mais libertadora de todas: somente encontra real sentido de vida, quem é totalmente livre para adorar a Deus única e exclusivamente pelo que Ele é. Os olhos de Jó foram abertos para isso, e os nossos olhos, como estão?

15 de novembro de 2013

Sobre transtorno mental.

Bom, vou direto ao assunto, sem dar muitas voltas, pois o assunto é sério e precisa de uma abordagem mais coerente por parte da igreja, pois infelizmente, até hoje ainda existe muito preconceito com relação aos transtornos mentais existentes e a sua manifestação em pessoas que professam a fé cristã. Isso tem gerado abordagens equivocadas e que não contribuem em nada para o bem-estar daqueles que padecem de tais transtornos. O fato é que, na maioria das vezes, atribuímos esse tipo de problema a manifestação demoníaca ou então queremos submeter às pessoas as sessões de “cura interior” estúpidas e desprovidas de base bíblica. Isso não ajuda em nada quem está sofrendo horrores devido aos transtornos, tais como depressão, bipolaridade, esquizofrenia, boderline, transtorno de ansiedade, etc. Obviamente acredito que alguns casos são sinais evidentes de problemas espirituais, mas na maioria das vezes não! Senão teríamos que dizer que toda vez que alguém fica gripado, está espiritualmente contaminado! Temos que levar mais a sério esse tipo de problema dentro da igreja (já que eles aumentaram exponencialmente nestes últimos anos) e ajudar as pessoas a sair das escuras trevas que estes transtornos representam para elas e para seus familiares. Creio que o primeiro passo é romper com o preconceito. O segundo é apoiar quem está enfrentando tais dificuldades, com aconselhamento bíblico consistente e amoroso. O terceiro é encaminhar pessoas com transtornos mentais para os especialistas da área (psicólogo e psiquiatra) e por aí vai. O que não podemos mais é simplesmente permitir que pessoas continuem sofrendo do nosso lado e ainda por cima jogar sobre elas a condenação religiosa, que é fruto de obscurantismo intelectual e emocional. Todos merecem viver uma vida digna. Até mesmo que sofre o horror de carregar sobre si um transtorno mental!


OS: falo como leigo no assunto, por isso nem sei se usei os termos corretos.

11 de novembro de 2013

Consagração: acho que você está fazendo isso de forma errada!

Muitas vezes já pensei em consagração como um meio para atingir um fim que almejava. Pensava que se desejava alguma coisa da parte de Deus, devia pagar um preço de consagração para obter aquilo. Então, se queria uma igreja grande, me consagrava para obter este resultado, ou seja, o ato de consagrar-se era de certa forma, uma mercadoria de troca com Deus, do tipo “eu jejuo, eu deixo de ver televisão, etc. e o Senhor me dá o que eu tanto desejo”. Mas não sei exatamente por qual motivo, esse tipo de pensamento hoje em dia para mim é a expressão de uma espiritualidade banalizada e superficial (lembrando a todos que EU já fiz isso!). Hoje em dia, quando penso em consagração, associo a ideia à necessidade que tenho de mortificar minha carne, para assim ter condições de contemplar com mais clareza e sensibilidade a glória de Deus e o seu eterno propósito. Sei lá, não me parece que a consagração deva servir como uma forma de barganha com alguém que nem ao menos tem a necessidade daquilo que temos para oferecer! Nesse sentido, consagração assume muito mais o aspecto de rendição e reconhecimento das próprias limitações. Ela é um clamor de uma alma que sabe que necessita desesperadamente de Deus para tudo! Fica aí uma simples reflexão sobre o assunto. Paz a todos!

7 de novembro de 2013

Leia o versículo acima, por favor!


Hoje, ao levar meu filho para a escola, estava ouvindo uma música gospel cheia de clichês evangélicos, mas o que mais me chamou a atenção é o bom e velho chavão: “VOCÊ É UM VENCEDOR!”. Você pode pensar: mas isso não é verdade? A Bíblia não diz que somos mais que vencedores? A resposta para essas perguntas é sim e não. O SIM se deve ao fato que as Escrituras de fato dizem que somos mais que vencedores. O NÃO diz respeito ao contexto em que a Palavra de Deus afirma isso. Vou explicar com outro chavão evangélico: “um texto fora do contexto se torna apenas um pretexto para os nossos erros”, ou seja, temos a mania de formar conceitos pseudo-teológicos a partir de uma interpretação equivocada do próprio texto bíblico. Para isso ficar mais claro, vamos ver o versículo mais conhecido que faz a afirmação que somos mais que vencedores:

Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.
Romanos 8:37

Se você lê apenas o versículo isolado, é tentado a crer que a Teologia da Prosperidade, por exemplo, é bíblica. Mas se observarmos um pouco melhor o texto bíblico, veremos que este versículo está falando de algo totalmente diferente, ou seja, de SOFRIMENTO POR AMOR A CRISTO! Vamos ler os dois versículos acima:

Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?
Como está escrito:Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia;Somos reputados como ovelhas para o matadouro.
Romanos 8:35-36


Então, fica um conselho para todo cristão que deseja viver de forma coerente, séria e em harmonia com o Evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo: defina suas convicções tendo como base TODA  a Palavra de Deus! Paz!

5 de novembro de 2013

A arte de colocar uma vírgula onde antes existia um ponto.

Se tivermos um pouco de boa vontade, vamos perceber que muitas coisas estão inacabadas em nossas vidas. Por mais que pensemos que já chegamos ao fim da linha, que já aprendemos tudo o que era necessário sobre um assunto ou que estamos totalmente prontos para os desafios da vida, se formos 100% honestos, perceberemos que somos seres que precisam estar em constante estado de renovação. Muitas atitudes precisam ser mudadas, muitas convicções precisam ser reavaliadas, muitas decisões precisam ser reconsideradas. A vida é assim, um perfeito movimento que flui em direção ao novo. Mas acho que a religião nos endureceu, que o fundamentalismo nos emburreceu e que nossa vaidade e orgulho nos tornaram resistentes às mudanças necessárias que devemos colocar em prática no nosso dia-a-dia. Então é tempo de colocar uma vírgula onde antes existia um ponto. É fácil, basta fazer um risquinho para baixo. Daí é só continuar escrevendo a história.