Quase toda
pessoa que me conhece, sabe que tenho uma certa resistência ao Super-Homem. Sei
lá, acho que isso se deve ao cabelinho todo arrumadinho, a capa que ele usa e,
principalmente, a cueca fora da calça. Um absurdo! Mas apesar disso, devo
admitir que ele é um grande herói, afinal é o homem de aço, quase perfeito e indestrutível.
Agora, o que é muito difícil de aceitar e gera em mim uma resistência ainda
maior, são os cristãos metidos a super – homens. Esse grupo pertencente à
cristandade universal possui algumas características:
1. Transmitem a ideia que nunca erram! Que
estão acima dos demais pecadores que habitam na Terra. Mas todos nós lutamos
contra o pecado diariamente e necessitamos da graça de Deus;
2. São tão espirituais, que geram em nós a
sensação de que a qualquer momento serão arrebatados. Orgulham-se tanto de sua
espiritualidade, que até pecam por causa disso;
3. Acreditam que por lerem a Bíblia e orarem
muito, se tornam mais especiais que os outros cristãos, sem compreender que
estamos todos subjugados pela mesma natureza pecaminosa, que necessita de
redenção;
4. Insistem em acreditar numa teologia de
domínio, pois julgam os cristãos devem ocupar os lugares de honra na sociedade
em que vivemos. Ignoram o fato que o Reino está para além dessa vida;
5. Proclamam a teologia da prosperidade como
uma verdade bíblica inquestionável, mas se esquecem que a mesma Bíblia fala de
homens de Deus que sofreram e padeceram necessidades por causa do Evangelho;
6. Tem um idioma próprio, uma espécie de evangeliquês.
Vivem proferindo chavões e palavras de ordem (até mesmo para Deus!), mudando o
tom de voz para pregar ou para orar, descaracterizando-se por completo;
7. Possuem uma grande dificuldade de reconhecer
erros e defeitos pessoais, porque na cabeça deles, um ungido de Deus é alguém
inabalável. Só deveriam avisar isso para Jeremias, Jonas, Pedro, entre outros;
8. Amam ser reconhecidos com grandes homens de
Deus e querem a todo custo a honra desta condição. Mas quer aceitemos ou não,
somos servos inúteis amados e restaurados pelo Pai;
9. Cultuam o luxo e a abundância como sinal da
unção de Deus sobre a vida deles, o que é uma grande bobagem se levarmos em
conta a vida do Apóstolo Paulo;
10. Gostam de falar de si e dos seus feitos,
encantando a plateia com discursos bonitos, mas sem conteúdo.
Dadas essas características, eu sei que
alguns vão me julgar e achar que sou muito crítico (talvez até tenham razão!).
Mas acredito que se pararmos para avaliar a espiritualidade moderna e a igreja
dos dias de hoje, veremos muitas pessoas usando capa e com a cueca em cima da
calça!