Em minha infância, eu e meus dois
irmãos tínhamos um bichinho de estimação. Era um gato, ao qual demos um nome um
tanto quanto peculiar. Seu nome era “bostinha véia”. Isso mesmo, este era o nome
do nosso bichano! Alguns podem achar um nome pejorativo e feio, mas para nós,
era um nome carinhoso, porque na linguagem da nossa família (parte nordestina,
parte capixaba), esse era um termo para designar algo, que aos olhos de muitos
não tinha muito valor, mas que para nós era importante. Era mais ou menos
assim: “olha aquele gato, é um “bostinha véia”, mas a gente ama tanto”! Além disso,
deve-se levar em consideração o fato do nome ter sido dado por crianças, que normalmente
não são exemplos de bom-senso, né? Enfim, amávamos o nosso gato, mas ele era
muito arisco, então para tentarmos brincar com ele, criamos uma estratégia infalível:
dávamos muito leite e comida para ele, para que ele ficasse de barriga cheia e
assim conseguíssemos interagir com o bichano. Óbvio, que a estratégia se
mostrou completamente ineficaz! Ele comia, bebia e depois sumia! Mas mesmo
agindo assim, continuava sendo o nosso “bostinha véia”, o animal de
estimação da família. Não me pergunte o paradeiro dele, pois não sei. Acho que
se mudou para o Caribe, trocou de nome e montou um consultório de psicologia
felina, provavelmente! Você deve estar se perguntando qual o motivo para eu
compartilhar essa linda história aqui no blog, não é mesmo? Prá falar a verdade
nem eu sei. Estava me lembrando das poucas memórias que tenho da minha infância
e me lembrei deste personagem tão inusitado dela. Acho que o “bostinha véia”
despertou meu lado melancólico. É, realmente, no peito do desafinado também
bate um coração.
Com saudades do nosso
gatinho que hoje vive no Caribe,
Ton.