31 de dezembro de 2014

Moralismo: a igreja em estado terminal.

Quando lemos o relato do livro de Atos sobre os primeiros passos da Igreja de Cristo, normalmente ficamos maravilhados com o número de conversões e com os milagres que aconteciam entre eles e de fato tudo isso é sensacional. Mas algo que as vezes passa desapercebido aos nossos olhos é uma parte do versículo 47 do capítulo 2, que diz assim: “tendo a simpatia de todo o povo.” Creio que devemos ser uma comunidade de redimidos que contam com a simpatia do povo e não um grupo de religiosos estranhos que afastam a tudo e a todos de si mesmo com medo da contaminação. 

Muitas vezes devido ao seu discurso altamente moralista e destituído da prática concreta do amor, a igreja assusta e afugenta as pessoas. Creio que devemos começar a agir como pessoas normais, que foram transformadas pela graça maravilhosa de Deus e desejam ser sal da terra e luz do mundo, mas para isso é preciso estar no mundo. Precisamos caminhar entre as pessoas, precisamos conviver com elas, precisamos servi-las. E precisamos fazer isso, sem pensar no próximo como mais um número na nossa vasta lista de realizações evangelísticas ou como um troféu que vamos apresentar para os nossos líderes. 

Enfim, acho que precisamos aprender a ser gente de novo, pois em muitos casos, a religiosidade nos tornou algo estranho, sem gosto e sem brilho e que a única coisa que consegue atrair para si é a antipatia do povo. Sei que muitos vão dizer que somos perseguidos por causa da fé que pregamos, mas convido os mesmos a fazer uma avaliação:”Será que estamos sendo perseguidos pela vida que vivemos ou pelo discurso intolerante que anunciamos?” Existe uma grande diferença entre essas duas coisas e se não conseguimos perceber, a situação está pior do que imaginamos!


5 de dezembro de 2014

Sobre essa coisa melequenta chamada amor!

Apesar do título deste texto ser um pouco estranho, por favor, tenha paciência e acabe de ler para entender qual é minha linha de raciocínio. Bem, vamos lá! Vejo muitas pessoas falando sobre amor e sobre a nossa responsabilidade de amar o nosso semelhante e é claro que acho que essa é uma boa ideia! Mas para minha mente confusa e um tanto quanto reflexiva, fico a me perguntar o que de fato nós definimos como AMOR.
Creio que se fizermos uma pesquisa simples perceberemos que a compreensão sobre este conceito e sobre como as pessoas se sentem amadas vai apresentar uma variável muito grande. Então definir amor levando em conta apenas a nossa ótica sobre o tema é, no mínimo uma atitude infantil. Além disso, muitos acreditam que alguém que não recebeu amor, não tem condições de compreendê-lo e manifestá-lo, pois naturalmente serão pessoas de alma ferida e marcadas pela amargura, o que obviamente não é verdade, pois a capacidade do ser-humano de se reinventar e reagir positivamente em meio ao sofrimento é mais extraordinário do que imaginamos. Por fim, alguns pensam que somente poderemos ser vasos cheios de amor para despejarmos nos demais (sei que isso soa de forma muito brega!), se recebermos amor e atenção verdadeiros de outro ser-humano e, portanto, precisamos hipervalorizar as relações dentro da igreja ou fora dela, o que não deixa de ser uma verdade parcial.
Digo que é parcial, pois o que outros seres-humanos nos oferecem é um tipo de amor que no grego é chamado phileo (amor fraterno), que por si só é bom, mas a essência do amor mais genuíno é encontrada na revelação de Deus em Cristo, que é o amor ágape (amor sacrificial). Quem compreende o ágape, não terá dificuldades com o phileo, pois esse é uma subdivisão do primeiro. Portanto, se você realmente quer amar de verdade as pessoas que estão a sua volta, aprenda antes amar a Deus, pois dEle emana todas as outras formas de manifestação de amor existentes. Paz a todos!


PS: o título é só para chamar a atenção mesmo. Não considero o amor algo melequento. Quem merece essa definição é a carência, que é um subproduto deteriorado do amor!

1 de dezembro de 2014

Igreja não é tribunal! Será?

Pois é, sempre fico a me perguntar por que temos uma tendência de perceber as coisas a partir das partes e não do todo. Confesso que ainda não encontrei resposta satisfatória, mas insisto em refletir sobre o assunto. Vejo isso acontecendo muitas vezes quando o assunto é a Igreja de Cristo (minha área de atuação, portanto meu alvo de maior atenção), pois é comum em nosso meio valorizarmos uma característica que mais apreciamos em detrimento das demais. Vou citar um exemplo para que aqueles que estiverem lendo este texto possam entender. Muitos já leram a frase “A IGREJA DEVE SER MAIS HOSPITAL E MENOS TRIBUNAL” e, provavelmente, concordaram com ela, pois isso nos parece o mais certo quando se trata da Igreja de Cristo. Mas o problema dessa afirmação é que ela não é, por assim dizer, inteiramente bíblica, pois como disse enfoca apenas um aspecto da Igreja. Ela é hospital, mas ninguém quer viver o resto da vida na UTI, pois se isso acontecesse, provavelmente mudaríamos o local do nosso tratamento, ou seja, você entra doente, mas não deve permanecer assim. Ela deve ser menos tribunal, mas se não zelar pelo bom testemunho cristão, mesmo que para isso tenha que fazer uso da disciplina bíblica, então não está sendo eficiente em cumprir o seu papel de preservar a sã doutrina e a santidade. Para isso, é necessário julgar os casos a luz da Palavra de Deus e proceder com a prática bíblica da correção.
Enfim, não sei se você entendeu, mas todas as vezes que tivermos que avaliar algo, devemos nos empenhar ao máximo para ter uma visão mais ampla sobre o assunto, para não incorrer no equívoco de distorcer a realidade. Paz a todos!


PS: só para constar, acredito que a Igreja é o Corpo de Cristo e apenas esse termo já bastante amplo para defini-la.