Eu gosto de conforto. Creio que todos gostam. Por exemplo, para mim uma das maiores
invenções humanas é o controle remoto. Imagina ver televisão sem essa poderosa
ferramenta! Estamos constantemente procurando formas de
tornar nossas vidas mais confortáveis. Gostamos de carro com ar-condicionado e
direção hidráulica. Amamos encontrar um assento vazio no ônibus quando estamos
indo para o trabalho pela manhã. Gostamos de dormir numa cama confortável e
aconchegante quando chegamos em casa após um longo e cansativo dia de trabalho. Somos assim: amamos o conforto! E quem não pensa assim que atire
a primeira pedra!
Mas a coisa
começa a ficar complicada, quando transferimos esse desejo normal do
nosso dia-a-dia para a nossa vida espiritual. Quando buscamos um Evangelho
confortável e aconchegante, estamos a um passo da perdição. Talvez isso possa
parecer um pouco radical, mas avalie a Palavra de Deus e perceba que as
situações desconfortáveis e de sofrimento são mais citadas do que as situações
de bem-estar. Com isso, não estou criando um conceito sadomasoquista do
Cristianismo, apenas estou dizendo que o Evangelho de Cristo não existe para
gerar em nós uma sensação de conforto e bem-estar. Ele existe para revelar a
nós, pecadores, a graça maravilhosa de Deus em Cristo Jesus. E mesmo vivendo pela
graça dEle, isso não nos isenta dos desconfortos da vida.
Mas me parece
que hoje está na moda o uso de um Evangelho de autoajuda, que nos leva a pensar
que após nossa conversão, nunca mais sofreremos. Palavras que afagam nosso ego,
mas não expõe nosso pecado e nossa miserável condição sem a presença de Deus,
que nos promete uma vida maravilhosa aqui na Terra, mas não nos confronta. Palavras que insistem em dizer que NÓS podemos, mas se esquece de afirmar que tudo somente é possível por intermédio de Cristo. Enfim,
o que eu quero dizer é: eu amo meu controle remoto, mas não quero fazer dele (e
aquilo que ele significa) um padrão para minha vida espiritual.