Muitos se perguntam por que Deus
nos permite passar pelos desertos da vida? Esse é um questionamento legítimo e acredito
que todo cristão em algum momento de sua vida, vai ter que lidar com a questão
do sofrimento. Creio que existem muitos motivos pelos quais Deus permite que
soframos. Mas gostaria de compartilhar algo da minha vivência pessoal diante da
dor e do sofrimento. Não pretendo fazer das minhas experiências uma verdade
absoluta e incontestável e sim um caminho para a reflexão sobre algo que aflige
a muitos. Bom, creio que os desertos da vida existem para aprendermos a lidar
com dois fatores essenciais para o desenvolvimento de uma espiritualidade
sadia: o reconhecimento de nossa humanidade e o silêncio de Deus.
Acredito que fomos discipulados
para acreditar que após nossa conversão, nos tornamos pessoas inatingíveis,
protegidas por uma bolha espiritual que nos torna seres quase sobre-humanos.
Por isso, muitos não sabem lidar com dor e a perda porque foram levados a
acreditar que a única coisa que os alcançaria, seriam as bênçãos do Senhor. Então,
Deus permite o deserto para que possamos lidar com as nossas próprias
limitações humanas e com a fraqueza do nosso estágio atual (vida antes da Volta). Também creio que
todo cristão precisa saber lidar com o silêncio de Deus, porque posso afirmar
com toda certeza, que muitas vezes Ele simplesmente se cala. E este silêncio
ensurdecedor de Deus revela a qualidade da nossa fé, pois nada mais difícil do
que permanecer fiel quando não estamos sentindo e nem ouvindo nada e apenas
somos guiados por uma profunda convicção na verdade revelada na Cruz.
Sei que muitos podem ter
expectativas e vivências diferentes dessas, mas creio que não podemos
negligenciar a realidade do sofrimento para produzir maturidade espiritual em
nós. Enquanto vivermos esperando que Deus sempre nos livre de tudo que nos
desagrada e com sensação que Ele sempre colocará um oásis em meio ao deserto, seremos sempre parecidos com aquelas
crianças mimadas que quando choram por qualquer coisa, rapidamente aparecem os
pais super-protetores para socorrê-las, dizendo: “vem cá tesouro, não se
misture com essa gentalha!” Que Deus nos livre de nós mesmos e que possamos
amadurecer para a glória dEle!
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